Falta de fiscalização sobre presença dos médicos nos plantões é fruto da resistência da categoria a mecanismos de controle
Foto: Sandro Oliveira.
A greve dos médicos da rede pública de saúde do Distrito Federal, que já dura várias semanas, não apenas expôs falhas no atendimento à população, como também evidenciou o corporativismo dentro da categoria, que resiste a qualquer forma de controle efetivo sobre a presença nos plantões. A paralisação, que intensificou o caos nos hospitais, trouxe à tona um problema recorrente: a falta de fiscalização eficiente, não por falhas do governo, mas por pressão dos próprios profissionais, que há anos resistem à implementação de um sistema rigoroso de controle de assiduidade.
Embora a Secretaria de Saúde tenha tentado em várias ocasiões implantar mecanismos que assegurem a presença dos médicos nos hospitais, a resistência da categoria impediu avanços significativos. A recusa dos profissionais em aceitar monitoramentos mais rígidos, como o ponto eletrônico, por exemplo, é apontada como o principal obstáculo. Mesmo em tempos normais, a ausência de médicos nos plantões é uma queixa frequente da população, e com a greve, essa situação se agravou ainda mais.
A categoria, que já conta com salários que podem chegar a R$ 80 mil, historicamente rejeita medidas que busquem fiscalizar o cumprimento da jornada de trabalho. Esse comportamento é atribuído ao corporativismo que domina o setor, onde parte dos profissionais prefere manter privilégios e flexibilidade, atuando também em consultórios particulares ou hospitais privados, muitas vezes em detrimento das obrigações com o serviço público. Durante a greve, essa prática ficou ainda mais evidente, e o controle sobre quem está realmente nos hospitais ficou praticamente inviável.
Os efeitos desse corporativismo são visíveis nas unidades de saúde. No Hospital Materno Infantil de Brasília (HMIB), por exemplo, o cenário é de superlotação e falta de médicos, enquanto crianças e idosos sofrem sem atendimento adequado. A greve, ao invés de expor apenas a falta de negociação entre governo e categoria, escancarou como a resistência a um controle rigoroso sobre a presença médica contribui diretamente para o colapso do sistema público de saúde. O resultado é uma população desamparada, com pacientes aguardando horas ou até dias por um atendimento que, muitas vezes, não chega.
Enquanto o Código de Ética Médica garante o direito à greve, ele também exige que os profissionais mantenham o atendimento de urgência. Na prática, porém, a ausência de um sistema confiável de controle – boicotado pela própria categoria – faz com que a fiscalização sobre quem está ou não cumprindo essa obrigação seja quase impossível. Essa resistência ao monitoramento é um reflexo do corporativismo que prioriza os interesses internos da classe médica em detrimento da transparência e do compromisso com o serviço público.
O governo do DF tem encontrado dificuldades em negociar com a categoria, especialmente em meio a um contexto de orçamento apertado e demandas salariais altas. No entanto, a falta de adesão da classe médica a medidas de controle tem tornado a situação ainda mais desafiadora. Mesmo em tentativas anteriores de modernizar a gestão, com propostas de implementar sistemas que monitorassem a carga horária e a presença, as barreiras corporativas impediram qualquer avanço real. A resistência da classe médica a essas iniciativas impede que o governo tenha dados concretos para tomar decisões estratégicas e garantir um atendimento básico contínuo à população, mesmo durante períodos de greve.
O reflexo mais cruel dessa situação é vivido pela população, que acaba refém de um sistema de saúde falho, agravado pela falta de comprometimento de parte da categoria. O que deveria ser um movimento legítimo de reivindicação por melhores condições de trabalho e reajustes salariais se transforma, na prática, em uma crise causada também pela resistência de médicos a aceitarem maior transparência e fiscalização.
No centro da crise, a pergunta que fica é: até quando o corporativismo dentro da classe médica vai prevalecer sobre o dever de servir à população? Enquanto a pressão da categoria bloqueia avanços no controle de presença e dificulta a implementação de soluções, a saúde pública do DF se deteriora, e os cidadãos, os mais prejudicados por essa disputa, continuam desassistidos.
A greve dos médicos da rede pública de saúde do Distrito Federal, que já dura várias semanas, não apenas expôs falhas no atendimento à população, como também evidenciou o corporativismo dentro da categoria, que resiste a qualquer forma de controle efetivo sobre a presença nos plantões. A paralisação, que intensificou o caos nos hospitais, trouxe à tona um problema recorrente: a falta de fiscalização eficiente, não por falhas do governo, mas por pressão dos próprios profissionais, que há anos resistem à implementação de um sistema rigoroso de controle de assiduidade.
Embora a Secretaria de Saúde tenha tentado em várias ocasiões implantar mecanismos que assegurem a presença dos médicos nos hospitais, a resistência da categoria impediu avanços significativos. A recusa dos profissionais em aceitar monitoramentos mais rígidos, como o ponto eletrônico, por exemplo, é apontada como o principal obstáculo. Mesmo em tempos normais, a ausência de médicos nos plantões é uma queixa frequente da população, e com a greve, essa situação se agravou ainda mais.
A categoria, que já conta com salários que podem chegar a R$ 80 mil, historicamente rejeita medidas que busquem fiscalizar o cumprimento da jornada de trabalho. Esse comportamento é atribuído ao corporativismo que domina o setor, onde parte dos profissionais prefere manter privilégios e flexibilidade, atuando também em consultórios particulares ou hospitais privados, muitas vezes em detrimento das obrigações com o serviço público. Durante a greve, essa prática ficou ainda mais evidente, e o controle sobre quem está realmente nos hospitais ficou praticamente inviável.
Os efeitos desse corporativismo são visíveis nas unidades de saúde. No Hospital Materno Infantil de Brasília (HMIB), por exemplo, o cenário é de superlotação e falta de médicos, enquanto crianças e idosos sofrem sem atendimento adequado. A greve, ao invés de expor apenas a falta de negociação entre governo e categoria, escancarou como a resistência a um controle rigoroso sobre a presença médica contribui diretamente para o colapso do sistema público de saúde. O resultado é uma população desamparada, com pacientes aguardando horas ou até dias por um atendimento que, muitas vezes, não chega.
Enquanto o Código de Ética Médica garante o direito à greve, ele também exige que os profissionais mantenham o atendimento de urgência. Na prática, porém, a ausência de um sistema confiável de controle – boicotado pela própria categoria – faz com que a fiscalização sobre quem está ou não cumprindo essa obrigação seja quase impossível. Essa resistência ao monitoramento é um reflexo do corporativismo que prioriza os interesses internos da classe médica em detrimento da transparência e do compromisso com o serviço público.
O governo do DF tem encontrado dificuldades em negociar com a categoria, especialmente em meio a um contexto de orçamento apertado e demandas salariais altas. No entanto, a falta de adesão da classe médica a medidas de controle tem tornado a situação ainda mais desafiadora. Mesmo em tentativas anteriores de modernizar a gestão, com propostas de implementar sistemas que monitorassem a carga horária e a presença, as barreiras corporativas impediram qualquer avanço real. A resistência da classe médica a essas iniciativas impede que o governo tenha dados concretos para tomar decisões estratégicas e garantir um atendimento básico contínuo à população, mesmo durante períodos de greve.
O reflexo mais cruel dessa situação é vivido pela população, que acaba refém de um sistema de saúde falho, agravado pela falta de comprometimento de parte da categoria. O que deveria ser um movimento legítimo de reivindicação por melhores condições de trabalho e reajustes salariais se transforma, na prática, em uma crise causada também pela resistência de médicos a aceitarem maior transparência e fiscalização.
No centro da crise, a pergunta que fica é: até quando o corporativismo dentro da classe médica vai prevalecer sobre o dever de servir à população? Enquanto a pressão da categoria bloqueia avanços no controle de presença e dificulta a implementação de soluções, a saúde pública do DF se deteriora, e os cidadãos, os mais prejudicados por essa disputa, continuam desassistidos.