O Distrito Federal se caracteriza pela segregação socioespacial e por uma marcada desigualdade socioeconômica. Para preservar o plano urbanístico de Lúcio Costa e atender à demanda por novas habitações, a cidade expandiu-se, mas não conseguiu replicar os conceitos de qualidade de vida nesses novos espaços.
O novo estudo do Observatório de Políticas Públicas do Distrito Federal (ObservaDF) buscou compreender as realidades habitacionais do Distrito Federal, com foco nas condições de moradia nas áreas de baixa renda. Para qualificar os dados quantitativos levantados, foram divididos dois grupos focais: moradores em empreendimentos da Companhia de Desenvolvimento Habitacional (Codhab/GDF), e em áreas de ocupação espontânea não regularizadas.
Entre os resultados, a pesquisa revela que moradores de Regiões Administrativas de média e baixa renda enfrentam desafios significativos relacionados à infraestrutura urbana em relação a moradores de regiões de renda alta. A falta de pavimentação nas ruas (16% contra 2% nas RAs de alta renda), ruídos altos e persistentes (65% contra 49%), e o descarte inadequado de lixo nas vias públicas (77% contra 53%), e esgoto ou água suja correndo na rua (50% contra 26%), são apontados como os principais problemas enfrentados por essas comunidades com menos condições econômicas. Outras preocupações levantadas pelos moradores incluem a falta de segurança e dificuldades na mobilidade urbana.
Para aqueles que optaram por residir em áreas não regularizadas, a pesquisa identificou que a decisão estava muitas vezes relacionada à realização do sonho da casa própria. A professora e pesquisadora do estudo, Ana Maria Nogales, também destaca a fuga do aluguel excessivo como um dos fatores: “O ônus excessivo com aluguel é um fator de grande peso. Muitos participantes dos grupos focais apontaram a busca por alternativas de moradia como uma maneira de escapar desses custos elevados”. No entanto, a regularização dessas áreas é percebida pelos moradores como um processo demorado.
A pesquisa de opinião pública realizada no DF também indica que os programas habitacionais do governo têm grandes limitações no atendimento à crescente demanda por habitações dignas e de qualidade no Distrito Federal. “Os relatos dos participantes dos grupos focais enfatizam essa necessidade de abordagens colaborativas e políticas públicas efetivas que visem melhorar a qualidade de vida dos residentes, especialmente aqueles em situações de maior vulnerabilidade socioeconômica”, afirma o arquiteto e urbanista Sergio Jatobá, também autor do estudo.
Pesquisadores
A equipe do ObservaDF conta com os pesquisadores: Lucio Remuzat Rennó Junior, Frederico Bertholini, Andrea Felippe Cabello, Ana Maria Nogales Vasconcelos e Guilherme Viana.
Todas as informações sobre a nova pesquisa estão disponíveis no site oficial do ObservaDF (www.observadf.org.br).
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