A técnica, autorizada pelo Conselho Federal de Medicina no Brasil somente no final de 2021, começa a ganhar visibilidade no país
Na foto cientista e dra.Karolyn Sassi Ogliari - crédito foto Felipe Gaiesky
"Essa técnica já é utilizado em muitos países da América Latina, América do Norte e Europa como curativo para queimaduras superficiais e profundas, tratamento de úlceras varicosas e em feridas causadas por diabetes, além de cirurgias oftalmológicas", explica Karolyn, que também é diretora do Hemocord, empresa de biotecnologia voltada para armazenamento de produtos de terapia celular para a Medicina Regenerativa, e única no Brasil onde pode ser contratado o serviço de coleta da membrana amniótica para fins terapêuticos.
A membrana amniótica é o tecido que compõe a parte mais interna do envoltório fetal e que sai junto com a placenta durante o nascimento do bebê, podendo ser coletada nesse momento. A placenta é levada então ao laboratório e lá processada para separação da membrana. Karolyn explica que esse material se trata de um curativo biológico pela riqueza em fatores de crescimento e citocinas que comprovadamente promovem a cicatrização de feridas.
"Ensaios clínicos para tratar queimaduras na pele e alterações na córnea mostram que as células-tronco da membrana amniótica aceleram a recuperação por meio da inibição da inflamação e da liberação de fatores de crescimento. As células-tronco mesenquimais amnióticas humanas tem funções de regulação imunológica, anti-inflamatória e regeneração de vasos. Por apresentar essas propriedades, a membrana tem múltiplos usos em diversas áreas da medicina", explica. "A maioria das terapias com este material biológico está direcionada ao tratamento de queimaduras graves, enfermidades oftalmológicas e cicatrização de feridas", explica.
Recentemente, o uso da membrana amniótica salvou a visão de um recém-nascido no Hospital Universitário Evangélico Mackenzie (HUEM), em Curitiba. O pequeno Anthony Amaral havia nascido com uma má formação nos olhos – ambos não abriam após o nascimento. O procedimento, realizado pelo SUS, aconteceu no final de fevereiro de 2023 e foi um sucesso.
Protocolo patenteado
A especialista explica ainda que, diferentemente do SUS, que armazena as amostras em freezer -80º, o Hemocord criopreserva em Nitrogênio, o que garante a manutenção do material pela vida toda. "No freezer a -80º, a preservação é por um tempo limitado, em torno de dois anos. No nitrogênio é por tempo indeterminado. E como não causa rejeição, pode ser usado pela própria criança ao longo da vida ou por algum familiar que precisar", comenta.
O desenvolvimento do protocolo do Hemocord foi publicado pela Biomedical Materials (2023) e apresentado no Simpósio Internacional Cord Blood Connect de 2022, em Miami.
Sobre o Hemocord
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