Opinião: A COP27 no ponto de não retorno

João Alfredo Lopes Nyegray*


Se a exploração marítima e a pesca desenfreada continuarem como são hoje, até 2048 os oceanos estarão vazios e sem peixes. A cada ano, mais de 8 milhões de toneladas de resíduos plásticos são despejados nos mares. Até agora, em 2022, cerca de 80 humanos foram mordidos por tubarões em todo o mundo – e apenas 9 desses encontros foram fatais. Ainda assim, o ser humano matou aproximadamente 100 milhões de tubarões por ano. As emissões de CO2 estão na casa de 34 bilhões de toneladas anuais. Nas últimas décadas, a temperatura do planeta vem aumentando. Isso causou não apenas o aquecimento global, mas secas, queimadas e a mudança de correntes fluviais e oceânicas.

É esse cenário de mudanças ambientais e degradações planetárias que será enfrentado pela Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2022, a COP27, mais comumente referida como Conferência das Partes da UNFCCC, iniciada no domingo, dia 6 de novembro, em Sharm El Sheikh, Egito. Embora o presidente Jair Bolsonaro possivelmente não compareça ao evento, o sucessor eleito, Lula da Silva, já confirmou presença.

Trata-se de um encontro altamente simbólico: a COP27 ocorre exatamente 50 anos após a Conferência de Estocolmo, a primeira grande reunião de líderes internacionais destinada ao debate ambiental. Outro ponto importante é que a Conferência de 2022 tem muitos desafios e, certamente, é o futuro e a habitabilidade do planeta que estão em jogo. Trata-se não apenas de reduzir a já elevadíssima emissão dos gases que provocam o chamado “efeito estufa” – e aquecem ainda mais o planeta –, mas também da busca pela reversão da degradação ambiental que já está instalada.

Especialistas na área ambiental, florestal, ecológica e oceanográfica são unânimes em apontar que estamos chegando ao ponto de não retorno: aquele momento em que, independentemente de nossos esforços, não será possível retroceder ao status de preservação anterior. Atingir ou passar desse ponto significa que, no futuro, não será possível habitar a Terra. O clima e o solo não estarão mais propícios para a agricultura, e o desaparecimento de plantas e espécies animais tornará os ecossistemas instáveis e desequilibrados.

Um fator que agrava em muito a atual situação do planeta e o papel dos líderes presentes na COP27 é a Guerra na Ucrânia. A posição de países europeus contra o conflito os colocou em lado oposto ao dos invasores russos. Com isso, o fornecimento de petróleo e gás natural de Moscou para a Europa cessou, obrigando a busca de novas fontes de energia pelo velho continente. Os europeus recorreram ao carvão e à energia nuclear, fontes que sabidamente contribuem para o aquecimento global.

O atual momento, tanto pelas pressões ambientais quanto pela guerra, pede – nos dizeres das Nações Unidas – uma “solidariedade renovada entre os países”, pois o que está em jogo é mais do que posições políticas: é nosso futuro comum.

*João Alfredo Lopes Nyegray, doutor e mestre em internacionalização e estratégia. Especialista em Negócios Internacionais. Advogado, graduado em Relações Internacionais. Coordenador do curso de Comércio Exterior na Universidade Positivo. Instagram @janyegray!

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