Religião tem que ser tratada com seriedade, diz Lula

Em entrevista coletiva, ex-presidente diz que papel do Estado não é se intrometer na religião, mas garantir liberdade e organização religiosa

Foto: Ricardo Strucket.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quinta-feira (06/10), que trata religião com muita seriedade e que a fé e a espiritualidade de uma pessoa não podem ser motivo de banalização política.

"Nesse país, as pessoas já me conhecem. As pessoas sabem que eu sou religioso, as pessoas sabem que fui eu que fiz a lei de regulação de organização das igrejas nesse país. As pessoas sabem que fui eu que criei a Marcha para Jesus. As pessoas sabem que fomos nós que criamos o dia do evangélico. Eu não preciso ficar prestando contas às pessoas porque as pessoas conhecem", declarou, reforçando que não é papel do Estado se intrometer na religião, mas garantir liberdade e organização religiosa. "Eu respeito todas as religiões. Cada um professa a sua fé do jeito que acredita e do jeito que quer e eu não me intrometo".

Em entrevista coletiva, após receber apoio de político do PSD, o ex-presidente disse que não precisa escrever cartas a setores da sociedade para explicar com atuará em relação a eles. "O que eu tenho é um legado de oito anos de Presidência da República  que me fez terminar o mandato com 87% de bom e ótimo, 10% de regular e 3% de ruim e péssimo. O legado que fez eleger a companheira Dilma Rousseff pela primeira vez, a primeira mulher presidenta da República.  Nós temos um programa de governo, temos uma história, e temos um legado. É isso que as pessoas têm que olhar".

Lula citou, por exemplo, o agronegócio, beneficiado com programas de crédito e com securitização de dívida de R$ 87 bilhões, por meio da Medida Provisória 432 de 2008. "Eu vou tratar o agronegócio bem, porque o agronegócio faz bem para o Brasil, faz bem para as nossas exportações e faz bem para a alimentação do nosso povo, da mesma forma que eu vou tratar bem a agricultura familiar", afirmou.

Responsabilidade fiscal, social e com o Brasil

Lula voltou a refutar a ideia de teto de gastos, disse que ele existe para limitar investimentos em saúde e educação e destacou que terá responsabilidade fiscal, social e com o Brasil. "Para mim, responsabilidade fiscal não tem que estar numa lei, tem que estar na responsabilidade do dirigente."

O ex-presidente contou que, em seus dois mandatos, conseguiu reduzir inflação, desemprego e dívida pública, pagar o FMI e ser o único país do G-20 a fazer superávit primário, em todos os anos de governo, numa demonstração de que tem responsabilidade de gestão.  "Eu quero garantir o dinheiro da política social, do arroz, do feijão, da carne, da cebola, do tomate, do litro de leite. É isso que eu quero garantir, por isso vamos ter muita responsabilidade fiscal, social e responsabilidade com o Brasil".

Lula agradeceu o apoio de economistas que tiveram papel relevante em diferentes governos. Afirmou que eles sabem que ele é a garantia do exercício democrático no Brasil, e disse ser o único que não pode errar. "Eu tenho um legado e o povo tem esperança. Portanto, sei que não posso errar. Minha responsabilidade é ganhar as eleições e fazer mais pelo povo do que já fiz. Certamente, vou fazer porque é por isso que estou voltando".

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