Artigo por Ana Alice Limongi, Diretora de Desenvolvimento Humano e Organizacional da NEO
O termo ESG, sigla em inglês para Environmental, Social and Governance (ou Ambiental, Social e Governança) já é conhecido no ambiente corporativo, mas poucos sabem o que é na prática. E igualmente desconhecem o papel do RH para implantar essas ações nas empresas.
Na maioria dos casos, o ESG é relacionado às questões ambientais e às práticas sustentáveis nas organizações. E, de fato, este aspecto representa um elemento muito importante. Mas, segundo o documento “Liderança para a Década da Ação”, elaborado pelo Pacto Global da ONU e pela Russell Reynolds Associates, é preciso que a sustentabilidade (não no sentido restrito às questões ambientais, mas que englobe ações positivas para a sociedade no geral) permeie as atividades da organização para sucesso futuro e viabilidade do negócio. É preciso abranger questões sociais, como diversidade e inclusão, assim como os aspectos de governança, como ética nos negócios. Isso é o que faz com que o ESG esteja intimamente ligado ao RH, já que as práticas sustentáveis de um negócio também se referem ao âmbito social e de governança.
Embora o tema ESG esteja em alta, os brasileiros ainda têm dificuldade de compreender o significado dessa sigla. Um estudo realizado pelo Google em parceria com a plataforma de pesquisa MindMiners e com o Sistema B identificou que 47% dos 3.000 entrevistados de todas as regiões e classes sociais do país não têm referência de marcas que tratam do assunto - e apenas um em cada cinco brasileiros declararam já ter ouvido falar no tema. Contudo, de cada cinco pessoas, quatro consideram importante a atuação de empresas e marcas em ações relacionadas ao meio ambiente, às questões sociais e de boa gestão.
Isso é um bom sinal, pois nos mostra que há bastante terreno para que empresas desenvolvam as práticas de ESG e, com isso, conquistem uma reputação positiva frente aos seus consumidores e Clientes. Mas, é igualmente importante destacar que essas ações precisam ser divulgadas para além do mundo corporativo, de forma a beneficiar a sociedade como um todo. Nesse contexto,o RH é a peça chave de toda a engrenagem. Mesmo que o ideal seja que todos os setores de uma companhia estejam engajados, como o jurídico e o marketing, cabe ao RH disseminar as boas práticas na empresa, incorporando e propagando a cultura organizacional tanto para os colaboradores, quanto para a comunidade.
Boa parte das práticas incluídas no “S” de Social podem ser desenvolvidas e incentivadas pela equipe de Recursos Humanos, a partir de iniciativas como desenvolvimento da cultura corporativa, treinamento e engajamento, solução de desafios entre os colaboradores e líderes, acompanhamento e promoção da diversidade. Por isso, considero fundamental a criação de uma cultura corporativa baseada no comprometimento da alta liderança nesse processo.
Para isso ser factível, é preciso priorizar a contratação de executivos comprometidos com as ações sustentáveis da empresa, garantir que o planejamento sucessório da organização contemple o tema da liderança sustentável, adotar iniciativas e remunerações que recompensem a integração da sustentabilidade à estrutura do negócio e fomentar uma mentalidade voltada ao ESG nas características das lideranças. Isso ajudará a demonstrar o potencial e a importância da área em implantar as ações ambientais, sociais e de governança na cultura da empresa, impulsionando o desenvolvimento dos colaboradores e formando futuros líderes para um mundo melhor.