Pelo empate cravado ontem entre Lula e Bolsonaro, confirma-se novamente a máxima divulgada pelos mineiros de proa: os saudosos Tancredo Neves e Magalhães Pinto, ou seja; "Política é como nuvem. Você olha e está de um jeito, abaixa a cabeça e volta a olhar e está completamente diferente!"
Lula certamente contará com o apoio no segundo turno do Ciro Gomes, Simone Tebet e demais partidos de esquerda que não fizeram parte da coligação com o PT no primeiro turno. Bolsonaro já convocou os candidatos eleitos do PL e os partidos do centro e direita, além de uma boa parte das centenas de prefeitos do centro direita que não se empenharam efetivamente no primeiro turno. Foto: Ricardo Stuckert e Alan Santos / PR
Ainda analisando a máxima dos mineiros, no ano de 2014, Hélio Bolsonaro obteve 240 votos para vereador em Queimados no glorioso Estado do Rio de Janeiro. Eis que em 2018 ele surpreendeu o Rio e o Brasil quando obteve 345.234 votos para deputado federal. No pleito de 2022, cuja votação se deu ontem 2/10, Hélio Lopes (Bolsonaro), se elegeu com 132.986 votos, quando perdeu mais de 200 mil votos em relação a 2018. Da mesma forma, a senadora do PDT, Leila do Vôlei, obteve 11.125 votos para deputada distrital em 2014 e em 2018 se elegeu com 467.787 votos para o Senado.
Foi a primeira mulher a se eleger senadora na capital brasileira. Ontem, 2/10 na disputa para governadora de Brasília, a senadora auferiu apenas 79.597 votos quando perdeu 265.635 votos em relação a sua gloriosa votação de 2018. Foi uma das lanterninhas da disputa. Já a deputada de São Paulo Joice Hasselmann (PSDB), em 2018 obteve a bagatela de 1.078.666 votos para deputada federal por São Paulo.
Neste pleito de 2022, Joice disputou o mesmo cargo e não se elegeu, pois obteve apenas 13.679 votos de paulistas e paulistanos, quando perdeu mais de 1 milhão de votos. Neste sentido, a ex-líder do governo Bolsonaro no Congresso bateu o recorde nacional.
Finalmente, para esta reportagem, o ex-ator Alexandre Frota, que se elegeu em 2018 com 155.500 para deputado federal em São Paulo, na eleição de ontem foi votado por apenas 24.224 votos, insuficientes para sua volta à Câmara.
Na foto, o jornalista Walter Brito ao lado do amigo e cientista político Lamine Kanté, embaixador da Costa do Marfim no Brasil
Por outro lado, o jornalista Walter Brito, militante da causa negra, autor do livro 'Memórias de uma família negra brasileira' e ex-diretor da Fundação Cultural Palmares, quando assumiu a presidência da instituição, à época vinculada à Presidência da República, por 32 vezes, numa delas acompanhou Nelson Mandela em uma homenagem ao grande Madiba em 1991 no Estádio Cariacica no Estado do Espírito Santo.
O evento foi organizado pelo então governador negro do PDT Albuíno Azeredo. Foi Walter também, como presidente substituto da Fundação Palmares, o organizador das despedidas fúnebres do ator Grande Otelo, em 1993, e responsável em nome do presidente da República, Itamar Franco, pelo sepultamento do protagonista de Macunaíma em Uberlândia-MG, com honras de chefe de Estado.
O saudoso governador do Rio Leonel Brizola e o amigo e jornalista Walter Brito. Na eleição de Brizola em 1982 para o governo do Rio, o jornalista WB contribuiu na campanha do gaúcho, como analista das pesquisas eleitorais internas
O jornalista Walter Brito é morador da cidade de São Paulo há dois anos e ontem disputou uma vaga para deputado federal, quando obteve votação inexpressiva, como Hélio Bolsonaro em 2014 na cidade de Queimados. Entrevistado pela reportagem, o ativista da causa negra, professor de matemática, jornalista e bacharel em Direito afirmou:
A saudosa Wangari Muta Mattai, Prêmio Nobel da Paz e o Jornalista Walter Brito. Nas mãos da africana, o livro 'Memórias de uma família negra brasileira' do amigo brasileiro WB
"Estou muito feliz por ter participado desta eleição histórica. Embora eu como negro que tive os recursos financeiros negados pelo atual presidente do PROS, o senhor Eurípedes Júnior, aproveito a reportagem para agradecer publicamente os poucos votos que obtive de pessoas conscientes do Estado de São Paulo, as quais, sabedoras das perseguições que o negro sofre, principalmente quando quer disputar uma posição de relevância como deputado federal pelo mais importante Estado da nação brasileira, ainda assim meus parcos eleitores cravaram nas urnas o meu número 9033.
Vale ressaltar que hoje só os riquinhos bem nascidos são considerados aptos para tal façanha, mas estamos ao disputar uma eleição como a de São Paulo, abrindo caminhos de muita relevância para gerações futuras, portanto ganhar ou perder, no meu caso, importa muito pouco. Relembremos com isso a frase histórica de Martin Luther King: 'Eu tenho um sonho de que um dia os meus quatro filhos não sejam julgados pela cor da pele, mas pelo seu caráter'. Certamente a obra de King foi fundamental para Obama comandar a maior potência econômica do Planeta Terra, os EUA.
Aqui no Brasil ainda estamos longe dos acontecimentos nos EUA, por isso minha persistência. É por meio dela que hoje, 3 de outubro, eu me lanço pré-candidato a prefeito de São Paulo em 2024. Lutarei com todas as minhas forças para encontrar o partido certo. Tentei por meio da indicação da Fátima Pérola Neggra eleger a primeira negra vice-presidente da República na chapa do Pablo Marçal.
Este, ao ser impedido de seu pleito presidencial pelo TSE, decidiu-se pela disputa rumo à Câmara, quando obteve mais de 240 mil votos. Espero que os meus parcos votos o tenham ajudado a fazer os 300 mil necessários para eleger um deputado pelo PROS. Caso não seja impedido novamente pelo TSE, será um grande deputado, acredito! Vale lembrar que sua candidatura foi indeferida e está em análise.
Enquanto Deus nos der saúde, estarei concorrendo em todas as eleições e mostrando minha indignação contra os desmandos contrários ao povo negro de meu país. As nossas tribunas sempre serão as praças públicas, as favelas de meu país e lugares a que a grã-finagem da política não vai. Não estou preocupado com o palanque oficial, ou seja, o Congresso Nacional em Brasília.
O referido Congresso será formado por 9 senadores comunitários e 27 deputados comunitários, sem discriminação de gênero e de nenhuma forma. Tomaremos posse no dia 1º de fevereiro de 2023. Será por meio do Congresso Nacional Comunitário que levaremos nossas reivindicações aos poderosos da nação.
Por meio de nossas atividades do referido Congresso escolheremos os candidatos que se candidatarão em 2024 para prefeito da cidade de São Paulo, bem como prefeitos e vereadores, dos demais 644 municípios do Estado de São Paulo. Desta forma, eu, jornalista Walter Brito, me apresento como representante de nosso grupo político como pré-candidato a prefeito de São Paulo.
Esperamos que por meio de nossa luta e da negritude unida em nosso país possamos ter o nosso Barack Obama do Brasil, o maior país negro do mundo fora da África, onde o negro é desrespeitado por um presidente de partido despreparado, sem nenhuma formação escolar e política e completamente ignorante como o Eurípedes Júnior, do PROS", concluiu o jornalista Walter Brito.
E o jornalista tem suas razões, pois política é de fato como nuvem, conforme os exemplos apresentados por ele acima. E a igualdade entre negros e brancos está distante. Que as palavras de Luther King sejam proféticas também para o Brasil.