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Câncer de ovário: importância no diagnóstico e no tratamento
Silenciosa em estágio inicial, é a segunda neoplasia ginecológica mais comum. Diagnóstico precoce ajuda no sucesso do tratamento
Considerada por especialistas como uma doença traiçoeira, já que é grave e não apresenta sintomas em estágio inicial, o câncer de ovário, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), é a segunda neoplasia ginecológica mais comum, atrás apenas do câncer de colo uterino. Ela também é a mais letal. Não à toa, uma data especial foi criada para conscientizar a população sobre essa doença. Oito de maio é o Dia Mundial de Combate ao Câncer de Ovário. Vale o alerta para a importância de exames preventivos para o rastreamento do tumor e o diagnóstico precoce.
Os ovários são duas glândulas do sistema reprodutor feminino, situadas uma em cada lado do útero, responsáveis pela produção dos hormônios sexuais femininos (progesterona e estrogênio) e produção e armazenamento dos óvulos. De acordo com a médica oncologista Fernanda Guedes, do Centro de Oncologia do Hospital Brasília/Dasa, em todo o mundo cerca de 295 mil mulheres são diagnosticadas com câncer de ovário a cada ano. Segundo ela, entre os tumores ginecológicos é o que causa o maior número de mortes.
Cerca de 25% dos tumores de ovário ocorrem devido a mutações hereditárias. Mutações em BRCA1 e BRCA2 são as mais frequentemente encontradas. “Pela alta prevalência, toda paciente com diagnóstico de carcinoma epitelial de ovário deve receber aconselhamento genético e realizar testagem genética para mutações em BRCA”, destaca a oncologista Fernanda Guedes.
Segundo a especialista, os sintomas costumam aparecer em estágios mais avançados da doença, por isso a necessidade de consultar o médico regularmente. “Quando eles se manifestam, os mais característicos são: dor abdominal, aumento do volume abdominal, constipação, alteração da função digestiva e massa abdominal palpável”, explica.
Principais fatores de risco:
*Idade:*a maioria se desenvolve após a menopausa. Cinquenta por cento dos casos são diagnosticados em mulheres acima dos 63 anos.
Histórico reprodutivo: mulheres que tiveram filhos após os 35 anos, que fazem uso de reposição hormonal após a menopausa.
Histórico familiar: câncer de mama, ovário e colorretal.
Síndromes genéticas: doença de Cowden, Síndrome de Lynch, BRCA 1 e BRCA 2, síndrome de Peutz-Jeghers e polipose associada ao MUTYH.
Obesidade.
Exames de Imagem
Quando há suspeita clínica de câncer de ovário, há três exames de imagem que podem ser utilizados: ultrassonografia, ressonância magnética e a tomografia computadorizada. A médica radiologista Mayra Veloso, do Exame Medicina Diagnóstica/Dasa, explica cada um deles. Confira:
Ultrassonografia: Método sem radiação. Na sua forma de avaliação transvaginal, permite identificar muito bem o útero e os ovários, com possibilidade de reconhecer lesões suspeitas nas glândulas. Segundo a médica, para entender se as lesões são suspeitas, são utilizadas várias classificações mundiais, como as idealizadas pelo Colégio Americano de Radiologia, entre outras que ajudam a compreender se a lesão cística ou sólida no ovário tem chances de ser maligna. “Conseguimos, assim, colocar essa lesão em uma estratificação de risco que permite ao cirurgião ou oncologista tomar a decisão terapêutica mais acertada sobre o tipo de tratamento a ser proposto”, esclarece a médica. O ultrassom também permite identificar outras complicações, mas não tão bem como a ressonância magnética e a tomografia computadorizada.
Ressonância Magnética: Segundo exame feito no contexto de diagnóstico de câncer de ovário. Também livre de radiação, permite perceber alterações muito discretas das glândulas. Essas alterações também recebem uma classificação de risco, sugerida pelo Colégio Americano de Radiologia, para auxiliar o cirurgião e o oncologista na melhor estratégia terapêutica caso a caso. “A ressonância magnética tem um valor agregado em relação à ultrassonografia, no sentido de permitir a caracterização de outras estruturas pélvicas, bem como do abdome superior, melhor do que a ultrassonografia. Se existe um risco de disseminação da doença para outros órgãos, a gente consegue perceber isso de forma muito mais assertiva”, explica a radiologista.
Tomografia Computadorizada: Exame utilizado em casos que já se tem a confirmação de câncer de ovário. Com esse método, é possível reavaliar a extensão da doença. “A tomografia computadorizada do abdome, assim como a ressonância, permite a avaliação de toda a cavidade abdominal, em busca de alterações mais discretas que são relacionadas à disseminação da doença para outros órgãos, além do ovário”, informa a especialista. Segundo ela, para isso, há uma preferência pela ressonância magnética, mas, em muitos cenários, inclusive onde a ressonância magnética não é tão disponível, se opta pela tomografia, sem grandes prejuízos. “A ressonância é preferível, inclusive pela ausência de radiação ionizante, mas a tomografia também é perfeitamente capaz de fazer esses diagnósticos”, destaca. Outro exame que também é possível realizar é a tomografia do tórax, para analisar se existem riscos de disseminação da doença do ovário para estruturas torácicas, inclusive para uma região mais central do tórax, chamado mediastino, ou se existem outras doenças concomitantes que possam afetar o prognóstico do câncer de ovário, como, por exemplo, o enfisema pulmonar.
Tratamento
O câncer de ovário pode ser tratado por meio de quimioterapia e/ou cirurgia. O procedimento que deverá ser adotado dependerá do tipo histológico do tumor, estágio da doença, idade da paciente e condições clínicas. Para isso, é essencial a realização de exames que ajudarão a definir o melhor tratamento, junto ao médico responsável.