Estudo mostra relação entre estresse e aumento de pessoas com apertamento dentário
O estresse relacionado à pandemia de covid-19 gerou aumento de problemas relacionados ao bruxismo. É o que aponta uma pesquisa realizada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) sobre o impacto da pandemia no estresse, sono e saúde bucal em estudantes universitários. Segundo o levantamento, 30% dos entrevistados se consideram muito estressados desde a chegada do coronavírus. Além do bruxismo, outra sequela desse período para a saúde bucal foi a alteração de paladar de pessoas que foram contaminadas, e que agora precisam buscar tratamento.
O estudo da UFRJ analisou a ocorrência de alterações orofaciais, ou seja, mudanças associadas à pele, aos dentes, às glândulas, aos ossos e músculos localizados na boca, pescoço, cabeça e face. Pelo resultado, na pandemia, houve um aumento estatisticamente significativo no apertamento dentário diurno, que faz com que o paciente passe a ranger os dentes ou a apertá-los. De acordo com a pesquisa, essa doença pode trazer consequências como lesão periodontal, distúrbios da articulação temporomandibular (DTM), dor muscular, lesões orofaciais e desgastes dentários.
Segundo o dentista especialista em saúde coletiva da Neodent, João Piscinini, a contração muscular pode ter relação com o comportamento de defesa do organismo a ações estressantes. “Ansiedade e estresse são alguns dos possíveis fatores do bruxismo. A pessoa acaba, inconscientemente, contraindo mais os músculos, tensionando a articulação da mandíbula em um momento em que ela deveria estar em repouso”, explica.
Uma das formas de prevenir esse problema é lembrar sempre de manter os dentes de cima um pouco afastados dos de baixo e com lábios entreabertos, em repouso, quando não se está usando a mandíbula para comer, ou falar, por exemplo.
Paladar alterado
Uma alteração bem característica da covid-19 é a perda ou mudança de paladar. Normalmente, esse sentido retorna em dias ou semanas, entretanto, alguns pacientes relatam que essa situação persiste mesmo após a recuperação, como uma sequela da doença. O dentista João Piscinini explica que a falta do paladar interfere na alimentação. “Muitos pacientes sentem um sabor mais amargo na boca, ou diminuição do gosto de alguns tipos específicos de alimentos”, destaca.
O especialista alerta para a importância de se procurar ajuda de um profissional em casos de perda de paladar prolongada. “Muitas pessoas adiaram a ida ao dentista por conta da pandemia. Mas agora é o momento de fazer uma avaliação para conferir se não há algum problema ocorrido nesse período por conta do estresse ou por sequelas deixadas pela covid-19”, orienta.
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