Na avaliação de frequentadores, o fechamento da via aos domingos e feriados atrairá mais clientes para a região
Adesão ao projeto Viva W3 cresce a cada edição. Além do lazer, moradores e comerciantes acreditam na revitalização econômica da avenida, uma das mais tradicionais do DF. Foto: Acácio Pinheiro
Além de servir como mais um espaço para o lazer dos moradores do Distrito Federal, o fechamento da W3 Sul aos domingos e feriados tem o objetivo de retomar a importância comercial de uma das vias mais antigas da capital. A ideia de realizar eventos culturais e gastronômicos teve que ser adiada devido à pandemia do novo coronavírus, mas comerciantes e moradores acreditam que, aos poucos, e adotando todas as medidas de segurança, será possível recuperar a economia local.
Dono de uma lanchonete na quadra 710 Sul há quase três décadas, Mauro Martins, 55 anos, vê o fechamento da avenida como uma forma de impulsionar as vendas. “Por causa do coronavírus, o meu negócio simplesmente quebrou”, lamenta. “Fechar essa avenida foi a melhor coisa que o GDF fez. Não tem necessidade de ela estar aberta aos domingos, pois temos vias alternativas para transitar”, ressalta.
Raquel Cardozo, 42 anos: “Nos fins de semana aqui é muito parado. O projeto dará vida a uma avenida que estava morta”, diz. Foto: Acácio Pinheiro.
Moradora da região, Raquel Cardozo, 42, tem a mesma opinião. “Nos fins de semana aqui é muito parado. O projeto dará vida a uma avenida que estava morta”, avalia a servidora pública. “Eu amei a ideia. Tenho três filhos pequenos e é muito confortável saber que podemos vir para cá com segurança, pois não passam carros. Por mais que o Eixão do Lazer seja perto, muitas vezes não vamos até lá. A W3 Sul está renascendo”, celebra.
O presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do DF, Francisco Maia, elogia a ação do governo ao fechar a avenida. “É uma boa solução para aquela área”, opina. “Projetos culturais e gastronômicos, como feiras, serão uma forma de movimentar o comércio, após a pandemia”, comenta.
Paulo Melo, prefeito da W3 Sul também reforça que só o fato de a via ter sido fechada já é uma medida positiva. “É uma questão de tempo. Após a pandemia e a revitalização, pode ser feito um circuito de bares e restaurantes”, opina. “É preciso estudar a característica de cada quadra e implementar atividades que combinem com elas”, propõe.
Adaptações
Gerente de um supermercado da região, Adriano Alves, 42, acredita que é preciso que as pessoas se adaptem ao fechamento da avenida. “Acho que elas ainda não se acostumaram e isso ocorrerá é com o tempo. Depois, com investimento em projetos para mais estacionamentos, por exemplo, chamará a atenção de clientes. Alguns praticam atividade física e depois fazemr compras”, argumenta.
André Luís Paulino, 40 anos, gerente do restaurante Roma. “Moradores e governo vão se ajustando para que a ação seja positiva para ambos os lados”, analisa. Foto: Acácio Pinheiro.
Nascido com Brasília, o restaurante Roma sofre com a crise econômica provocada pela Covid-19. Apenas com entregas por delivery, as vendas diminuíram bastante, segundo o gerente do estabelecimento, André Luís Paulino, 40 anos. “Acho que os moradores e o governo vão se ajustando aos poucos para que a ação seja positiva para ambos os lados”, analisa.
4ª edição
O plano de fechamento da W3 Sul entre as quadras 503/703 e 515/715, das 6h às 17h, se mantém sem alterações e aglomerações. A abertura de um dos cruzamentos, que chegou a ser reclamada, principalmente por entregadores de comida, se mantém descartada em prol da segurança das famílias que circulam pelas duas pistas da via nos dias de fechamento.
Zilda Menezes, 79, comemora a possibilidade de caminhar na via onde mora a mais de 30 anos. “Pertinho de casa, posso andar, tomar meu sol, com conforto e segurança. Fico muito realizada com essa caminhada aos domingos”, comemora a aposentada. O governo está de parabéns”, elogia.
Com o trânsito controlado pelo Departamento de Trânsito do DF (Detran-DF) e a segurança monitorada pela Polícia Militar do DF (PMDF), o Viva W3 distribuiu 7.500 mil máscaras – assim como 4 mil em 11 de junho e 10 mil no dia 14 – para as pessoas que solicitaram ou para quem estava circulando sem o equipamento de proteção individual. Até o fechamento desta reportagem não foi registrada nenhuma ocorrência policial.
O SLU prepara a instalação de lixeiras nos próximos meses. As peças já foram compradas para manter a limpeza da avenida, que passa este ano por um processo histórico de revitalização. Os ônibus seguem as rotas alternativas nas W4 (sentido Sul-Norte) e W5 (sentido Norte-Sul). Os locais de embarque e desembarque da população estão devidamente sinalizados com placas.
O Detran-DF entregou mais de 400 credenciais de acesso a veículos para moradores, junto com orientações sobre o procedimento de deslocamento e materiais da campanha da Lei Seca realizada pelo órgão. A faixa exclusiva para o trânsito de carros e motos entre as quadras 703 e 707 Sul foi criada para atender pessoas que moram na região com as garagens voltadas para a W3 Sul. Da 708 a 715 Sul, as entradas e saídas de veículos ficam nas áreas internas das quadras.
Projeto
Iniciado em 11 de junho, o Viva W3 surgiu de uma ideia do governador Ibaneis Rocha de revitalizar e resgatar a história daquela que já foi a principal avenida comercial de Brasília. Começava em 2019 um debate com comerciantes e moradores para criar na via um dia de lazer. Inicialmente, a sugestão era fechar o trânsito de veículos aos sábados, de manhã ou à tarde, priorizando a circulação de pedestres em frente às lojas ainda abertas.
Em outubro do ano passado, foi criado um grupo de trabalho para estudar a viabilidade técnica de implantação do projeto. A proposta enfrentava resistências e buscava amadurecimento, até que a sugestão de criar o Viva W3 aos domingos e feriados, aos moldes do Eixão do Lazer, ganhou força em meio à necessidade de expandir os espaços públicos de esporte e lazer da população durante a quarentena.
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