Passagem sofre aumento de 10% para diminuir o desequilíbrio entre valor pago pelo passageiro e o subsídio depositado pelo GDF. Economia será de R$ 161 milhões e frota será ampliada com 100 novos ônibus. A partir de segunda-feira (13), os usuários das linhas de ônibus que passam pela EPTG contarão com uma novidade, que atende a uma demanda da população de mais de 10 anos. Os tão esperados ônibus com portas dos dois lados começam a circular no corredor exclusivo todos os dias da semana e durante todo o dia
Ordem no GDF é aumentar oferta de ônibus para diminuir lotação dos veículos e cobrir mais regiões | Foto: Renato Araújo.
O Governo do Distrito Federal pode deixar de gastar cerca de R$ 161 milhões ao ano com a proposta de reajuste das tarifas do transporte público da capital. Sem mudanças nos valores desde 2017, o acréscimo proposto pela Secretaria de Transporte e Mobilidade (Semob) é de 10%, ficando abaixo da inflação do período. O GDF vai absorver parte do valor da passagem em forma de subsídio (veja como ficam os valores na lista abaixo).
Segundo o titular da Semob, Valter Casimiro, a intenção é de que os valores comecem a vigorar a partir da próxima segunda-feira (13), após análise da Casa Civil e publicação no Diário Oficial do Distrito Federal (DODF), o que deve ocorrer nesta sexta-feira (10). O objetivo é diminuir o desequilíbrio que há hoje entre a tarifa-usuário, que é o que o passageiro paga quando passa pela roleta do ônibus, e o custo real por passageiro”, explicou.
“GDF optou por não colocar todo esse reajuste porque daria impacto grande aos usuários do sistema”Valter Casimiro, secretário de Transporte e Mobilidade
O último reajuste no transporte público foi em janeiro de 2017. De acordo com a pasta, estudos demonstram que o valor das tarifas deveria ser corrigido em 16,18% — o mesmo feito entre 2017 e 2019. São considerados acréscimos de preços de itens como pneu e combustível. Toda essa correção, porém, não será repassada ao passageiro.
“O governo optou por não colocar todo esse reajuste [no valor da passagem] porque daria impacto grande aos usuários do sistema. A principal linha, que é a de integração, tem tarifa hoje de R$ 5 e passará para R$ 5,50, representando um acréscimo de 10% na passagem. A diferença, de 6,19%, o governo arca com subsídio para tarifa-técnica”, explica o secretário Valter Casimiro.
Todas as tarifas terão adição de 10%; linhas circulares internas passariam de R$ 2,50 para R$ 2,75%, as ligações curtas passam de R$ 3,50 a R$ 3,85 e as de integração, longas ou do metrô, de R$ 5, sobem para R$ 5,50. Com os novos valores, o governo deixará de incluir do orçamento cerca de R$ 161 milhões ao ano, que pode ser utilizado em outros serviços essenciais à população.
Casimiro: “Determinação é de aumentar volume da frota para diminuir a lotação e aumentar a frequência nas cidades” | Foto: Renato Araújo.
Os valores das tarifas de ônibus e do metrô no DF ficaram congelados por mais de 10 anos, entre janeiro de 2006 e setembro de 2015, período em que a inflação chegou a 73,60%. Conforme a Semob, as correções feitas em 2015 (média de 34,4%) e 2017 (média de 17,6%) não foram suficientes para trazer equilíbrio do sistema. Em 2019, o governo gastou R$ 701.314.932,12 para subsidiar todo o sistema, com gratuidades e complemento tarifário.
“Sabemos que há muito para melhorar no sistema e, agora, a determinação é para aumentar o volume da frota para diminuir a lotação e aumentar a frequência nas cidades”, ressaltou o secretário Valter Casimiro.
Melhorias foram realizadas no transporte público, como a determinação de compra de ônibus com porta do lado esquerdo para a EPTG, que começam a circular a partir de segunda-feira (13), e a substituição de 700 ônibus da frota para melhorar o sistema. Agora, a ordem do governo é de aquisição, em 2020, de mais cem ônibus para aumentar a oferta em linhas com maior lotação, bem como intensificar a frequência dos veículos nas cidades.
Entenda os termos
Complemento tarifário significa dizer que, quando o usuário passa pela catraca do ônibus, o que ele paga não representa o valor real do bilhete. A passagem custa mais caro, o que é chamado de tarifa técnica. Porém, apenas parte dela é repassada aos cidadãos. A diferença é subsidiada com recursos públicos.
Já as gratuidades são destinadas às pessoas com deficiência e aos estudantes. A porcentagem de viagens em que o usuário não paga para utilizar o Sistema de Transporte Público Coletivo (STPC) é de 30%. Esses acessos custam cerca de R$ 343 milhões anualmente aos cofres públicos.
Confira a lista de valores:
Tarifa usuário – valores atuais
Circular interna – R$ 2,50
Ligações curtas – R$ 3,50
Metrô/longas/integração – R$ 5
Tarifa usuário – novos valores
Circular interna – R$ 2,75
Ligações curtas – R$ 3,85%
Metrô/longas/integração – R$ 5,50
A partir de segunda-feira (13), os usuários das linhas de ônibus que passam pela EPTG contarão com uma novidade, que atende a uma demanda da população de mais de 10 anos. Os tão esperados ônibus com portas dos dois lados começam a circular no corredor exclusivo todos os dias da semana e durante todo o dia. Os passageiros continuarão embarcando nos abrigos do canteiro central, mas devem observar o lado em que os ônibus irão passar.
A medida está sendo aguardada com expectativa pelos usuários do transporte coletivo. “Até que fim tiraram o projeto do papel”, comemora a operadora de caixa Jovelina Paiva. Ela conta que pega ônibus todos os dias na EPTG e percebe que “o passageiro do DF precisa de mais conforto, segurança e rapidez”.
Ana Paula Paiva: “É muito perigoso o passageiro descer pelas portas viradas para a rua”
“É muito perigoso o passageiro descer pelas portas viradas para a rua”, destaca o auxiliar administrativo Roberto Nogueira, que mora em Brazlândia e trabalha no SIA. “Com a faixa exclusiva para ônibus com portas nos dois lados teremos mais segurança e rapidez na viagem”, acrescenta Ana Paula Paiva, auxiliar de serviços gerais que mora no Recanto das Emas.
A novidade está sendo comemorada também pelos motoristas dos ônibus. Antônio Menezes dos Santos é motorista de transporte público há 33 anos. Ele conta que nesse período da faixa invertida – desde 18 de março de 2019 – observou grande melhoria na EPTG. Para ele, as viagens ficarão ainda mais rápidas.
“Com essa inovação agora – ônibus com portas dos dois lados – com certeza vai ficar muito melhor. O nosso passageiro terá que esperar menos nas paradas e a viagem será mais rápida. Com a facilidade do embarque, a gente consegue melhorar o serviço”, afirmou.
42 linhas para o Plano Piloto
Ao todo, 160 ônibus com portas dos dois lados vão circular no corredor exclusivo. As empresas que farão a operação com os novos coletivos são: Urbi com 46 ônibus, Marechal com 39 e São José com 75 veículos. Além disso, 42 linhas passarão pela via, sendo 21 com destino à Rodoviária do Plano Piloto, 15 para a W3 Sul e 6 farão o trajeto para a W3 Norte. No local, também circularão 11 linhas semiexpressas com veículos com porta apenas do lado direito, uma vez que estes ônibus não desembarcam passageiros ao longo da via.
Além dos ônibus, somente táxis, ambulâncias e viaturas podem trafegar na faixa exclusiva.
Atualmente, cerca de 65 mil passageiros circulam pela EPTG em linhas com destino à Rodoviária do Plano Piloto e W3 Sul e Norte. Desse montante, aproximadamente 56 mil usuários, o equivalente a 86,4% da demanda, serão beneficiados com as linhas que vão operar com portas dos dois lados. Já as linhas semiexpressas transportam cerca de 9 mil passageiros, o equivalente a 13,6%.
Fim da faixa reversa
Com a chegada dos ônibus com portas dos dois lados, a Semob vai encerrar a operação da faixa reversa na EPTG, adotada em 18 de março de 2019. A operação consistiu em permitir o trânsito dos coletivos na primeira faixa da via inversa, nos horários de pico entre 6h e 9h (sentido Taguatinga-Plano Piloto) e das 17h30 às 19h45 (sentido Plano Piloto-Taguatinga) nos dias úteis.
A Faixa reversa possibilitou que os ônibus transitassem com as portas voltadas para as paradas do canteiro central, o que tornou mais ágeis o embarque e o desembarque dos passageiros. A medida, adotada provisoriamente até a chegada dos ônibus com portas também do lado esquerdo, alcançou o objetivo de diminuir em até 30 minutos o tempo de viagem no transporte coletivo. No horário de pico, enquanto os ônibus utilizavam a faixa reversa, todos os carros passaram a utilizaram a faixa exclusiva no sentido do fluxo. Com isso, a operação possibilitou aumentar em 20% a fluidez do trânsito.
Acabou a espera
A nova operação na EPTG, com ônibus que permitem o embarque pelo lado esquerdo, põe fim a uma longa espera por parte dos usuários do transporte público coletivo.
A Estrada Parque Taguatinga passou por obras de ampliação que foram concluídas em setembro de 2010. Foram construídas duas vias auxiliares (marginais), com duas faixas cada, além de uma faixa a mais em cada sentido da pista principal, totalizando 8 faixas.
Já o corredor exclusivo para ônibus começou a funcionar somente em 31 de janeiro de 2012, mas para uso apenas das linhas semiexpressas. Os passageiros dessas linhas só podiam embarcar e desembarcar nas cidades de origem e não na EPTG, já que os ônibus não paravam ao longo da via.
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