Os condomínios sempre foram vistos como uma solução segura de moradia em grandes cidades. Entretanto, os assaltos a condomínios têm sido cada vez mais frequentes
Quadrilhas especializadas aproveitam-se das falhas de segurança existentes e invadem os condomínios para realizar os roubos.
Apesar de se tratar de uma modalidade de crime mais arriscada, proporciona rendimentos mais elevados para os criminosos.
Eles invadem diversas residências em um único empreendimento, arrecadando um volume muito maior de bens e valores numa única ação.
Entretanto, apesar de bem planejados, na maioria dos casos, os assaltos a condomínios são frutos de brechas existentes nos sistemas de segurança.
1- Terceirização com foco exclusivo em custos
A terceirização pode ser uma excelente opção para melhorar a segurança. Entretanto, se o processo não for bem feito o resultado pode ser o inverso.
Muitos gestores de condomínios, preocupados apenas em reduzir custos, contratam empresas despreparadas, que colocam em risco os moradores e o patrimônio.
Existem diversas empresas de terceirização de péssima qualidade, que, em alguns casos, sequer verificam os antecedentes criminais de seus funcionários, podendo, até mesmo, destinar elementos mal-intencionados para cuidar da portaria.
Além disso, como muitas vezes não pagam e não treinam corretamente seus empregados, a rotatividade de funcionários é muito alta, o que acarreta dificuldades operacionais na segurança, pois na maioria do tempo o condomínio operará com substitutos, que ainda não conhecem devidamente as particularidades do local.
2- Falta de planejamento/investimento na estrutura física de segurança
A estrutura física de um condomínio envolve principalmente portões, cercas, muros e a guarita. Nesse caso, identificamos dois principais problemas que geram situações de risco.
O primeiro refere-se a condomínios mais antigos. Na época de sua construção, o problema de segurança praticamente não existia. Naquela época, estruturas de segurança não eram consideradas durante o projeto.
O segundo, em prédios mais novos, está relacionado a projetos mal realizados. Alguns arquitetos mais preocupados com questões estéticas ou mesmo por desconhecimento, negligenciam completamente aspectos básicos de segurança.
Em alguns casos, por exemplo, o porteiro, de dentro da guarita, é incapaz de enxergar a rua. Felizmente, essa situação vem mudando e muitas construtoras têm investido em consultorias especializadas em segurança para assessorar seus projetos.
Entretanto, são necessários investimentos significativos para reverter falhas de projeto ou prédios obsoletos, o que nem sempre é viável ou priorizado, tornando o condomínio vulnerável.
Um prédio com boa estrutura física de segurança deve possuir no mínimo:
Guarita blindada com banheiro interno, ar-condicionado e boa visão da rua e dos portões de garagem.
Portões duplos inter-travados, tanto na entrada de pedestres quanto na de veículos.
Sistema de passa-volume, impedindo a entrada de entregadores ao interior do condomínio.
Cercas e muros com altura mínima de 3,5m (com complemento de segurança eletrônica perimetral). A altura ideal irá variar de acordo com o local e eventuais apoios que facilitem a escalada.
3- Falta de investimento adequado em segurança eletrônica
Para um sistema eficiente, o investimento em segurança eletrônica é fundamental, garantindo suporte e controle para os recursos humanos. Muitas vezes por falta de conhecimento ou de priorização, os investimentos nesse setor são realizados de maneira inadequada ou insuficiente.
É importante esclarecer que não basta somente instalar os equipamentos. É necessário treinar a equipe para a utilização dos sistemas, além de realizar manutenções periódicas, garantindo bom e contínuo funcionamento.
Um bom sistema de segurança eletrônica em um condomínio deve prever, no mínimo, os seguintes itens:
Sistema de CFTV (Câmeras) com gravação local e remota: deve ser ostensivo e cobrir, no mínimo, todos os acessos ao Condomínio, garagem, elevadores e principais pontos de circulação.
Sistema de alarmes com monitoramento remoto: deve prever monitoramento de sensores em pontos críticos e botão de pânico em locais críticos, acionando uma central de monitoramento remota 24 horas. Recomendamos fortemente o monitoramento de abertura da porta da guarita, que é o ponto chave da segurança em um condomínio.
Sistema de segurança perimetral: muros e grades devem ser monitorados para inibir e detectar eventuais tentativas de invasão. Cercas elétricas e sensores infravermelhos monitorados são dispositivos comumente utilizados.
Sistema de controle de acesso: tanto o acesso de pedestres, quanto de veículos deve ser feito através de sistema de controle de acesso específico, visando identificar e controlar a circulação no interior do Condomínio. Todos os fornecedores e prestadores de serviços devem ser devidamente cadastrados com registro de foto e documento, assim como controle de entrada e saída.
4- Desprezo às áreas de risco do entorno
Segurança é muito mais do que um condomínio fortemente ‘blindado’. O mais eficiente sistema de segurança deve levar em conta todo o ‘ecossistema’ em que o condomínio está inserido.
O mapeamento das áreas de risco do entorno do condomínio é uma prática raramente utilizada. Porém, é fundamental para um projeto de segurança realmente eficiente.
Comunidades carentes convivendo ao lado de edifícios de luxo, praças públicas frequentadas por traficantes e usuários de drogas, avenidas e vias com iluminação deficiente, presença de redutores de velocidade em cruzamentos e acessos são alguns pontos de risco que devem ser conhecidos e levados em conta na hora de se planejar o sistema de segurança de cada condomínio.
A partir daí, implementar diversas ações preventivas. Podem envolver desde atuação junto a órgãos públicos, até a realização de ações sociais junto a ONGs e lideranças comunitárias.
5- Inexistência ou descumprimento de procedimentos de segurança
Talvez seja um dos erros mais fatais para a segurança de um Condomínio. Os demais itens são muito importantes, porém mais facilmente executados.
Quando falamos em cumprimento de procedimentos de segurança tocamos em um assunto mais complexo. Ele envolve questões culturais e sociais, com mudanças drásticas de comportamento.
Para que uma rotina de procedimentos de segurança seja devidamente implantada, o primeiro passo é formalizá-la de forma adequada e dar validade legal, incorporando-a no Regulamento Interno do Condomínio, que deve ser aprovado em Assembleia específica.
O segundo passo é treinar devidamente todos os envolvidos, equipe de segurança, moradores e fornecedores.
E o passo decisivo é cumprir os procedimentos estabelecidos. Por isso é primordial a existência de um processo de punição adequado para quem desrespeitar as regras definidas.
Para isso, são fundamentais a atuação de um síndico com pulso firme e o apoio de uma administradora organizada. Isso é muito importante quando se deseja mudar comportamentos indesejados de moradores, que nem sempre têm consciência da questão de segurança.
O mesmo vale para a equipe de segurança, que deve ser substituída, caso não se adapte às novas regras.
6- Falta de rotina sistemática de treinamento e conscientização
O processo de treinamento e conscientização sobre segurança deve ser contínuo, com planejamento no mínimo anual. Não se deve ‘baixar’ a guarda.
Muitos condomínios fazem uma boa implantação do sistema de segurança, mas ao longo tempo, deixam o sistema “cair na rotina”, gerando falhas que aumentam os riscos à segurança.
Se a equipe de segurança for terceirizada, é importante cobrar da empresa responsável, um planejamento anual de treinamento dos funcionários.
Em caso de substituição, os novos funcionários devem estar devidamente capacitados para assumir as novas funções, passando por processo de integração devidamente estruturado.
Nas reuniões e assembleias do condomínio deve ser reservado um bom tempo para tratar de segurança e frequentemente divulgar comunicados conscientizando sobre a importância do tema.
Como se verifica, os gestores devem sempre estar atentos para não deixar que o condomínio sofra as consequências dos 5 erros fatais na segurança.
Para isso, a contratação de uma empresa terceirizada séria e conhecedora do assunto poderá auxiliar no processo.
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