Embarques de carne suína foram represados em outubro por excesso de chuvas nos portos do Sul; mesmo com crise, fim de ano promete demanda
Em outubro, o embarque de suíno teve leve alta de 0,9% ante 2014
Os dados mais recentes do Ministério da Agricultura apontam para uma queda de 2,5% nas exportações de carne suína entre os meses de setembro e outubro deste ano. Segundo o setor, houve efeito da paralisação de portos no Sul pelo excesso de chuvas e a expectativa é que a demanda ultrapasse 50 mil toneladas.
De acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), no mês passado, os embarques do setor fecharam em 42 mil toneladas. A média mensal costuma ficar entre 40 mil e 45 mil toneladas. "Atravessar a margem das 50 mil é um grande salto", estima o diretor de mercado da entidade, Jurandir Machado.
Além disso, para o executivo, mesmo com a crise econômica que seguiu travando o desempenho do suíno no mercado interno, a demanda sazonal para as festas de fim de ano deve chegar para trazer um horizonte melhor aos resultados do setor.
Diante da retração mensal mensurada pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex), de 2,5% em outubro, e de um ligeiro avanço contra o mesmo período do ano passado, de 0,9%, pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) avaliam que os números frustraram produtores "já que outubro é tradicionalmente um dos melhores do ano em termos de exportação e também se esperava o escoamento de contratos não cumpridos em setembro devido à greve dos fiscaisagropecuários", dizem os especialistas em nota.
Machado rebate que, atualmente, não há prejuízo ocasionado pela greve dos fiscais. Na contagem da ABPA, todo o produto que sofreu algum dano de embarque por essa paralisação foi enviado em meados de setembro.
Em relação à logística em si, a interrupção das operações do porto de Itajaí, em Santa Catarina. A única rota de saída representativa além do Itajaí é a unidade portuária de Navegantes, no mesmo estado.
"De qualquer forma, esse desempenho das vendas externas reforça a pressão sobre as cotações internas. Com isso, no mercado doméstico, os preços da carne suína e do animal vivo tiveram novas quedas, devido à oferta relativamente superior à demanda", explicam os analistas do Cepea.
"O problema aqui é a crise econômica, você tem muita oferta de frango, embora a do bovino esteja menor, os preços não refletem a realidade dos custos, o mercado está meio travado", acrescenta Machado.
Centralização
Os embarques de carne suína continuam centralizados em poucos e importantes mercados e a Rússia segue como principal comprador. Só entre os meses de janeiro e julho deste ano, 45,9% de toda a produção do setor que saiu do País foi adquira pelos russos, cerca de 131,2 mil toneladas.
Com 21,7% do total, Hong Kong, no segundo posto, importou 62,1 mil toneladas. Na terceira posição, com 7,2% do saldo geral, Angola foi destino de 20,6 mil toneladas. Países como Argentina e Uruguai partilham o restante das compras.
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